sexta-feira, 29 de junho de 2012

PT já se convenceu que PMDB não aceita ser vice

Em entrevista exclusiva ao IMPACTO, José Maria Tapajós fala de sua experiência como político e de sua candidatura à prefeitura de Santarém

José Maria Tapajós: “Prefeito tem que administrar fora do gabinete”
Entre elogios, críticas e ressentimentos, o pré-candidato à prefeitura de Santarém, vereador José Maria Tapajós, vai esperar até os últimos instantes, que o PT aceite compor como vice na chapa do PMDB. Em entrevista exclusiva ao JORNAL O IMPACTO, ele deixou escapar que ao contrário do que foi noticiado, o PT pediu de volta a pasta da Saúde. Não foi uma entrega voluntária, e desabafou: “É sabido que na medida em que o PT solicitou a pasta da saúde, não resta a menor dúvida de que houve o rompimento de um acordo lá no início da composição da chapa”. Em outros momentos, Tapajós falou dos mais diversos temas. Veja a entrevista:
JORNAL O IMPACTO: Como o senhor recebeu a informação de que com o impedimento do deputado Antônio Rocha, seu nome fluiu como o candidato natural?
José Maria Tapajós: Nós sempre tivemos a consciência de que o PMDB tem em seu quadro, lideranças que podem assumir a condição de pré-candidato à prefeitura de Santarém. Quando foi cogitada a possibilidade de o partido ter candidatura própria, os dois nomes cogitados foram, o do deputado Antônio Rocha e o meu, com apoio do diretório do PMDB. Em fevereiro, como todos sabem, desisti de concorrer e também hipotequei apoio ao deputado Antonio Rocha. Entendo, inclusive, que foi uma questão de interpretação da Lei Eleitoral, nada que maculasse o seu nome. A parir daí fomos convidados a ocupar essa condição, com o apoio do senador Jader Barbalho, do prefeito de Ananindeua Helder Barbalhos, do próprio deputado Antônio Rocha, dos ex=prefeitos de Santarém, Ronan Liberal, Ronaldo Campos e Rui Corrêa.
JORNAL O IMPACTO: A sua pré-candidatura está diretamente relacionada à sua atuação política de 24 anos na condição de legislador?
José Maria Tapajós: Eu me considero como um atleta de futebol, que embora seja especializado em uma posição, posso ser escalado para outra e tenho o compromisso de jogar tão bem como na posição anterior. Como Vereador de sexto mandato, tenho condições políticas e administrativas, além de sensatez e experiência, para exercer um cargo de tamanha importância, como  é ser Prefeito de uma cidade de 300 mil habitantes. Convém lembrar que fui Prefeito num período dos mais difíceis. Naquele momento, com o alagamento do Município, a crise internacional chegando em Santarém, com diminuição de repasse no ICMS e no FPM, nós precisávamos passar para a população que o problema de Santarém naquele momento não era administrativo, e sim político. Apesar das condições adversas, nós conseguimos colocar o Município na condição de adimplente, capaz de conseguir firmar convênios para a captação de recursos. Na ocasião, as obras não pararam, e até concluímos algumas, e os recursos não faltaram, nem para pagamento de pessoal e a contrapartida dos convênios.
JORNAL O IMPACTO: Com uma experiência conquistada na adversidade deu para ter uma noção, do que Santarém, mais precisa?
José Maria Tapajós: Entre os problemas mais graves de Santarém, estão a falta de infraestrutura, saneamento, oportunidade de trabalho, saúde e a esperança que a população tem, é de que o Prefeito busque os meios para conseguir os recursos através de parcerias com os governos Estadual e Federal. A infraestrutura é uma dívida que os gestores tanto os que passaram como a atual tiveram e tem com a população de Santarém. E este é um grande desafio para o próximo gestor.
JORNAL O IMPACTO: Como andam as articulações à vésperas do último dia das convenções municipais, do convite feito pelo PMDB ao PT para compor chapa na condição de vice?
José Maria Tapajós: Nós do PMDB entendemos que o PT é um partido que merece e tem todo o nosso respeito, tem militância, tradição. Da mesma forma, o PT entende a importância do PMDB, com uma aliança nos moldes da que aconteceu em 2008, quando o PMDB participou como vice. Naquele momento nós recuamos de candidatura própria na ocasião com o deputado Antonio Rocha e indicamos o vice, José Antonio. Portanto, continuamos aguardando uma decisão do PT, com o qual certamente sairemos mais fortalecidos?
JORNAL O IMPACTO: Naquela ocasião, havia um acordo para que nas eleições de 2012, o PT formasse chapa na condição de vice?
José Maria Tapajós: Não. Não havia acordo formal, mas nós quando da convenção, eu pessoalmente me lembro bem, e dizia naquela ocasião, que nas próximas eleições pudessem analisar com os mesmos critérios que nós analisamos à época. O PT desde então sabia que nós teríamos candidatura própria, e que esperávamos ter o apoio do Partido dos Trabalhadores. O mesmo tom fez parte do pronunciamento de outras lideranças, como o deputado Antonio Rocha e Luiz Alberto Pixica, naquele momento. Apesar de todo respeito que temos ao Inácio Corrêa e à Executiva do PT, nós esperamos mesmo que até este sábado, o PT aceite o nosso convite.
JORNAL O IMPACTO: Com a definição do seu nome como pré-candidato, em sua opinião, o PT já desistiu de ter o PMDB mais uma vez como vice nas disputas deste ano?
José Maria Tapajós: Eu acredito que sim, porque o PT já conversou com as nossas maiores lideranças e conosco pessoalmente. Em todas essas conversas com o PT ficou claro, que o PMDB tem um projeto, e nós acreditamos que o Partido dos Trabalhadores já entendeu o nosso Projeto. O PT já se convenceu de que o PMDB não aceita ser vice. Acredito sim que eles ainda não descartaram a possibilidade de estarem conosco.
JORNAL O IMPACTO: Durante o governo Maria do Carmo aconteceram desgastes naturais na relação PMDB/PT. As arestas já foram aparadas em nome da unidade das duas siglas?
José Maria Tapajós: Olha, é difícil, e o PMDB e eu entendemos que acordos que se fazem para ganhar eleição têm que ter continuidade também para garantir a governabilidade. Nós entendemos que não há dois acordos, e as próprias lideranças do Partido dos Trabalhadores reconhecem que houve falta de cumprimento de compromissos com o PMDB. É sabido por todos que na medida em que o PT solicitou a pasta da saúde, não resta a menor dúvida de que houve o rompimento de um acordo lá no início da composição da chapa. Diferentemente disso, o compromisso que possamos fazer seja com o PT ou com os demais partidos, serão cumpridos. Nós jamais faremos um compromisso que não possa ser cumprido. De qualquer forma, todas essas situações que aconteceram são páginas viradas.
JORNAL O IMPACTO: Mesmo com todos os sentimentos manifestados, e que se tornaram públicos, caso o PT não aceite o convite do PMDB, os embates serão evitados?
José Maria Tapajós: Nós temos a clara convicção de levar para a população santarena um projeto diferente pautado em uma administração dinâmica, participativa. Ser diferente é como fomos no primeiro semestre de 2009 quando assumimos a Prefeitura. Ouvimos a sociedade civil organizada  e sem imposição. O Prefeito não pode se dar ao luxo de administrar a Prefeitura entre quatro paredes, mas sim fora e dentro do gabinete, um formato diferente das administrações que já passaram por Santarém, sem a intenção de fazer crítica a qualquer administração. O Prefeito ao ser eleito, tem o dever de fazer diferente, e diferente para melhor. Essas diferenças vão estar muito claras no momento em que for confirmada a nossa candidatura.
JORNAL O IMPACTO: No seu plano está a estruturação, ou até a extinção de alguma das 18 secretarias?
José Maria Tapajós: Quando fui Prefeito eu não instalei quatro secretarias e duas coordenadorias, porque naquele momento eu entendia que não havia necessidade. Como entendo que minha administração não será irresponsável, não tomarei nenhuma medida autoritária, antes de ouvir a minha equipe, sempre pautado com o compromisso e trabalho. Só depois da avaliação poderemos decidir se extinguiremos, ou até mudarmos de denominação, ou fusão.
JORNAL O IMPACTO: A Câmara Municipal aprovou em meados do ano passado, crédito para que a Prefeitura executasse melhorias da infraestrutura urbana e rural. Como governar um Município que contrai empréstimos para fazer serviços paliativos de recuperação do sistema viário?
José Maria Tapajós: Nós não podemos cobrir um santo com o lençol de outro. Essa é uma situação que merece muita cautela. O sistema viário de Santarém requer um investimento urgente e de um valor alto. Os recursos municipais não são suficientes para alavancar grandes obras como essas. O gestor municipal tem, portanto, o dever de recorrer aos órgãos capazes de fazer financiamentos altos, como por exemplo, o BNDES. Mas um governo quando inicia, é justo que faça um débito para ele pagar, onde ele é responsável. O que é certo que os empréstimos não podem comprometer a capacidade de endividamento da Prefeitura, não correr o risco de o Município não poder honrar com seus compromissos. Nós vamos estudar o que é melhor para Santarém, e não o que é melhor para o Prefeito. Só pra se ter uma idéia, no curto espaço de tempo que estive à frente da Prefeitura, consegui quase R$ 5.000.000,00.
JORNAL O IMPACTO: Como seria a relação entre Santarém e o recém criado município de Mojuí dos Campos, na visão da administração de Santarém?
José Maria Tapajós: Mojuí dos Campos é como aquele filho que adquire maturidade de se casar para construir família, e eu estou feliz com essa nova família. Diferente do Pará, que recentemente não admitiu a independência do Oeste paraense, que seria benéfica para todos. Na transição precisamos ter o entendimento de que o funcionalismo municipal terá a oportunidade de opinar em qual Município quer continuar exercendo as suas atividades. Mas não vejo maiores problemas durante essa transição. A infraestrutura instalada lá vai permanecer lá.
JORNAL O IMPACTO: A sua experiência de legislador será mais atenta na visão de administrador do Município?
José Maria Tapajós: Eu, com a experiência que tenho como legislador, vejo que o Prefeito precisa ter na Câmara de Vereadores o seu verdadeiro auxiliar de governo. As críticas que saem do Legislativo são construtivas e benéficas para a administração municipal, mas alguns gestores não têm essa compreensão. É salutar que todo Poder Executivo tenha uma bancada de oposição. Vou reconhecer a Câmara, como a legítima representante da sociedade.
JORNAL O IMPACTO: Se o PT desistir de ser vice do PMDB, qual o plano B?
José Maria Tapajós: Nós estamos com diversos  nomes no colete, mas certamente temos bons nomes que vão sair, inclusive caso seja preciso, dos cerca de 4 partidos que estão se articulando conosco na nossa colisão. Mas repito, continuamos aguardando a decisão do PT até o último momento, pela importância que representa para a governabilidade, juntamente com o nosso partido.
Fonte: RG 15/O Impacto

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