quarta-feira, 18 de julho de 2012

PARA DESVIAR FOCO DO MENSALÃO


A cúpula do PSDB fez ontem a mais enfática defesa pública do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, sob suspeita de envolvimento com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em entrevista coletiva, os tucanos acusaram os integrantes do PT na CPI do Cachoeira, a Polícia Federal e o governo Dilma de direcionarem as investigações para atacar Perillo. Para o PSDB, o objetivo é desviar o foco do julgamento do mensalão, que começará a ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início de agosto.
“Essa história de ficar atirando no Marconi de manhã, de tarde, de noite, é uma fraude”, disse o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE). “Há uma nítida trama de desviar o foco do julgamento que se aproxima, o julgamento do mensalão”, reforçou o líder do partido na Câmara, Bruno Araújo (PE). “Querem requentar fatos, reconvocar pessoas, ganhar tempo e evitar que a CPI chegue no âmago do esquema de corrupção centralizado por Cachoeira com a Delta”, afirmou o líder tucano do Senado, Alvaro Dias (PR).
Para os tucanos, o PT está à frente de um movimento realizado para fazer “espuma” em cima de Perillo, com o objetivo de rivalizar com o mensalão, melhorar o desempenho do partido nas eleições municipais e não investigar a fundo as suspeitas de irregularidades da Delta, empreiteira ligada a Cachoeira, no governo federal. De acordo com o PSDB, a ação contaria com o respaldo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-ministro José Dirceu, que será julgado no caso do mensalão, e até da presidente Dilma Rousseff. Foram feitas também críticas nominais ao vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e ao relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), que já sinalizaram apoio ao indiciamento de Perillo ao fim das investigações.

CASO DA DELTA

A cúpula do PSDB cobrou a investigação da relação da Delta com o governo do Rio de Janeiro, do peemedebista Sérgio Cabral. “Por que não querem convocar o governador do Rio de Janeiro?”, questionou Alvaro Dias, ao citar que o PMDB é o segundo partido que mais repassou recursos para a empreiteira. O campeão entre os partidos é o PR, que comanda o Ministério dos Transportes. Em terceiro lugar, vem o PT, seguido pelo PSDB.
Alvaro Dias criticou o que considera como “operação para transformar a CPI em um tribunal de exceção”. Segundo o senador, não há motivos para reconvocar Perillo, alvo de novas denúncias de envolvimento com Cachoeira. Segundo o líder tucano do Senado, a reconvocação serviria apenas para repetir as mesmas perguntas e as mesmas respostas, tendo como único objetivo poupar outras pessoas que poderiam ser investigadas, como o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish e o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) Luiz Antônio Pagot.
Coube ao deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPI, detalhar a defesa apresentada por Perillo sobre o suposto “compromisso”. Ele mostrou dados indicando que os repasses do governo goiano para a Delta tiveram regularidade durante todo o ano passado. A polícia sustentou que três repasses foram condicionados ao pagamento, com recursos da empreiteira, da casa de Perillo comprada por Cachoeira. O presidente do PSDB acusou parte da PF de atuar politicamente contra o partido.

Guerra disse que o partido mantém confiança em Perillo e que não trabalhará para blindá-lo.
(Diário do Pará com informações AE)

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