Duas certezas emergiram, na noite desta
segunda-feira (20), ao final de um dia inteiro de exposições e debates
ocorridos no Hotel Regente, em Belém, reunindo cerca de 30 secretários e
agentes públicos municipais oriundos das 12 Regiões de Integração do
Estado. Uma dessas certezas é de que o desenvolvimento econômico e
social do Pará será tão maior quanto melhor for a compreensão dos
gestores – nos três níveis de poder – de que as políticas públicas não
devem atender à ambição de prefeitos, governadores ou presidentes; devem
obedecer aos interesses da sociedade.
“Esse é o espírito do Projeto Pará 2030, apresentado aqui. Trata-se
de uma estratégia de desenvolvimento, séria e fundamentada, que
extrapola o interesse de partidos e está muito acima de projetos
pessoais”, explica o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico,
Mineração e Energia (Sedeme), Adnan Demachki, cuja palestra encerrou o
evento. “O crescimento do Pará é um projeto de Estado, não de governo”,
observa. “A participação dos municípios é imprescindível para o sucesso
dessa proposta”.
A outra certeza assimilada pelos participantes é de que os gestores
municipais precisam investir na própria capacitação e na mútua
colaboração, independentemente da região onde atuem, se quiserem
contribuir com o desafio de vencer a pobreza e a desigualdade. Daí a
proposta, estimulada pelo Sebrae, promotor do evento, de se criar uma
rede de agentes públicos focados na integração e no crescimento
econômico. Essa rede se consolida agora com o Fórum de Secretários
Municipais de Desenvolvimento, fundado no encontro.
Em um Estado com mais de 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados, ou
você sucumbe à distância, tratando-a como um empecilho, ou a encara
como um desafio. Segundo Fabrizio Guaglianone, diretor-superintendente
do Sebrae, a distância é o ponto de partida da aproximação. Fabrizio
afirma que o propósito do Sebrae, ao organizar a criação do fórum, é
criar um ambiente favorável ao relacionamento de todos os atores
envolvidos na busca pelo desenvolvimento do Pará, conectando o poder
público com a iniciativa privada e estimulando as boas práticas desse
relacionamento.
“Primeiro, promovemos essa aproximação. A partir dela, passamos a
compreender melhor as necessidades, as expectativas e os potenciais
desses municípios e de cada região”, explica. “Somente assim, teremos
capacidade de servir de elo na relação entre as pequenas e microempresas
e o poder público, abrindo caminho para a eficiência do
empreendedorismo e da gestão”, afirma Fabrizio.
Legitimidade
Em sua exposição, o secretário Adnan Demachki disse que o fórum é uma
ferramenta de gestão essencial para as administrações municipais. Um
ambiente legítimo de pressão sobre o Executivo e o Legislativo, nos
âmbitos estadual e federal. “Tenham a Sedeme como uma extensão das
secretarias de vocês. Nossas portas estão abertas”, convidou o titular
da Sedeme.
Na opinião de Adnan, quando os agentes públicos municipais recebem
este acesso são munidos de informação e providos de capacitação, eles
têm plenas condições de assumir o protagonismo das decisões referentes
ao desenvolvimento de suas cidades, defendendo-as categoricamente diante
de qualquer governo. “Este é o nosso papel: abrir caminhos, guiar,
orientar, apoiar. O desafio de crescer extrapola o governo. É de toda a
sociedade”, define.
Izalina Alves, secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura de
Óbidos, não esconde o entusiasmo com a criação do fórum. “Quando você
participa de um encontro como este, que reúne gestores municipais, e vê a
presença do Estado, estendendo a mão, isso nos dá muita esperança”,
destaca. “Essa é uma oportunidade única”. Segundo Izalina, o aspecto
mais importante do evento é a troca de experiências. “A mesma
dificuldade que enfrento em Óbidos, lá no Baixo Amazonas, pode ocorrer
em Chaves, no Marajó, ou em Paragominas, no nordeste do Pará”, compara.
“Com o fortalecimento dessa rede de secretários, estamos
compartilhando problemas e buscando soluções de forma cooperada,
colocando os interesses da sociedade em primeiro plano”, ressalta
Izalina Alves. “Estou muito feliz com esse encontro”.
“A criação do fórum é um passo muito importante”, concorda o
secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Capitão Poço, Raimundo
Mota. Segundo ele, a integração dos agentes de desenvolvimento das mais
variadas regiões, focados no mesmo propósito, independentemente de cores
partidárias, é uma prova concreta de que a sociedade começa a
compreender que o desenvolvimento do Pará deve ser um projeto de Estado,
como preconiza o secretário Adnan Demachki, e não um projeto de
governo. “Se não for dessa maneira, não chegaremos a lugar nenhum”,
adverte.
Por Paulo Silber
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