Empresários, comerciantes e autoridades de segurança das polícias Militar e Civil, estiveram reunidos na última quarta-feira, na Associação Comercial e Empresarial de Santarém, para discutir o aumento da violência na área comercial. O excesso de arrombamentos e furtos já está provocando o fechamento de lojas. O caso mais clássico foi de uma empresária do ramo de jóias que esteve na reunião, e anunciou que depois de ter visto seu comércio ser assaltado por 5 vezes, não lhe restou outra medida, senão fechar as portas e deixar 7 pessoas desempregadas.
O diretor da Seccional de Polícia Civil, delegado Nelson Silva, logo após o encontro concedeu uma entrevista exclusiva ao IMPACTO.
JORNAL O IMPACTO: O que saiu de concreto da reunião?
Delegado Nelson: Os furtos com arrombamentos no centro comercial é um termômetro que a sociedade sente e cobra das polícias Civil e Militar, mais providências. Nós servidores públicos devemos trabalhar em cima disso, em cima desses índices que tem aumentado. Essas cobranças fazem parte das nossas funções. Cabe à Polícia identificar esses elementos que estão cometendo esses delitos e colocá-los na cadeia, com inquéritos policiais.
JORNAL O IMPACTO: O que é mais grave, a benevolência das leis ou a falta de estrutura?
Delegado Nelson: Você vê que o próprio crime de furto passou a ser afiançável, já o furto com arrombamento não. Nós sabemos as dificuldades de atuação. A grande maioria dos presos que ficam presos, depois da sua saída penal, volta a cometer crimes. E claro, como nós temos o centro comercial com pouco movimento, principalmente nos finais de semana, esses indivíduos arrombam e levam o que podem. O que nós temos que fazer é juntamente, com a Polícia Militar, fazer o monitoramento, com o serviço de inteligência e tirar de circulação esses elementos.
JORNAL O IMPACTO: O pagamento de fiança não estaria facilitando a atuação desses elementos?
Delegado Nelson: O legislador estudou para fazer as leis, mas para a Polícia isso não deveria existir. Essa é uma opinião própria, mas nós cumprimos o que determina a lei. A lei determina que o crime é afiançável. O escrivão faz o flagrante, o delegado arbitra a fiança, e coloca aquele indivíduo em liberdade, até porque nós estamos aqui pra cumprir a lei. Essas falhas já estão sendo sentidas, depois da alteração do Código Penal. Eu particularmente acredito que as mudanças acontecerão, eu tenho sentido isso na imprensa, no sentido de endurecer a lei para quem comete crime reiteradas vezes contra a nossa sociedade.
JORNAL O IMPACTO: Foi ventilado na reunião, o fato de haver dificuldades até de se fazer Boletins de Ocorrência. Isso procede?
Delegado Nelson: Não há dificuldades para fazer BO. Nós temos administrativo na Seccional por dois períodos, nós temos escrivães. O que aconteceu foi um fato isolado, de uma senhora que gerenciava uma loja. Ela foi fazer um Boletim de Ocorrência e não conseguiu fazer no final de semana. Talvez porque ela não quisesse esperar um pouquinho. Nos finais de semana só trabalham os policiais, os administrativos não são permitidos trabalhar nos finais de semana.
JORNAL O IMPACTO: Mas isso não acaba dificultando de alguma forma para quem busca a Delegacia nos fins de semana?
Delegado Nelson: Com certeza acaba dificultando, mas já existe um pensamento de se reestruturar e acabar com essa situação. Às vezes a pessoa não quer esperar, não procura o Delegado de plantão. Mas nós temos uma estrutura que responde às necessidades da população. Nós temos uma boa equipe, nós temos veículos e combustível. A carência que temos atualmente de pessoal será suprida com o concurso que será realizado. Nós temos lancha, nós temos barcos, veículos caracterizados e descaracterizados. A Polícia Civil não passa por algumas dificuldades que passam outros órgãos de segurança.
JORNAL O IMPACTO: Já que há toda essa estrutura, por que os crimes aumentam a cada dia?
Delegado Nelson: Realmente, o crime tem crescido. A bandidagem está sempre crescendo. O bandido começa a fazer pesquisa, mais rápido do que a própria Polícia.
JRORNAL O IMPACTO: Os bandidos, então, tem serviço semelhante ao serviço de inteligência, uma contra investigação, por exemplo?
Delegado Nelson: Eles têm um princípio de organização, eles têm chefia, eles têm um comando, quem dá as cartas, tem quem financia. Isso tem aqui em Santarém, principalmente no tráfico de drogas, e de assaltos dessa mesma forma. E nós combatemos com inteligência e com investigação. Nós temos um grupo de inteligência, comandado pelo delegado Silvio Birro e essa equipe trás informações para nós, de quadrilhas e indivíduos que estão chegando à nossa cidade para praticar crimes.
Da Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário