A Universidade do Estado do Pará (Uepa)
será obrigada a matricular a estudante Izabela Vinagre Pires Franco,
filha da ex-vice-governadora Valéria Pires Franco e do ex-deputado
federal Vic Pires Franco, no curso de medicina, sem que ela tenha feito o
vestibular para ingressar na instituição. Atualmente, a jovem estuda
na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Alegando depressão,
transtorno desencadeado em virtude do longo período que fica longe da
família, que reside no Pará, Izabela impetrou mandado de segurança para
ter o direito de estudar, em Belém, no curso mais concorrido do
vestibular da Uepa.
A liminar que garantiu a matrícula,
expedida pelo juiz Marco Antonio Lobo Castelo Branco, titular da 2ª Vara
da Fazenda de Belém, vai contra uma decisão anterior da reitoria da
Universidade, que indeferiu a solicitação com base na lei nº. 9.536/97
que regulamentou os casos de transferência, que passaram a ser
permitidas apenas a alunos egressos de outras instituições públicas - o
que não é o caso de Izabela.
No relatório apresentado pelo juiz,
consta que o caso merece reflexão ímpar já que se trata da “degeneração
física e mental da impetrante que requerem cuidados especiais”. Porém,
no próprio texto, o juiz admite o impedimento legal da transferência,
justificada, segundo o despacho, pela fragilidade da saúde de Izabela.
No mandado de segurança, a estudante se
valeu do artigo 196 da Constituição Federal, que prevê como direitos
sociais a saúde e a educação. Para ela, seriam estes os direitos que
estariam sendo violados pela decisão da Uepa em não aceitar a matrícula.
A lei nº 9.394/96, que trata das
Diretrizes e Bases da Educação nacional, garante que instituições de
educação superior só deverão aceitar a transferência de alunos
regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e
ainda mediante processo seletivo.
Apesar disso, o juiz concedeu
antecipação dos efeitos da tutela de mérito, ou seja, entendeu que é
preciso garantir a matrícula imediata da estudante devido à gravidade do
caso.
A determinação judicial provocou um debate acalorado nas redes sociais neste final de semana.
Já circula pela internet uma campanha
com a paródia do slogan usado na campanha contra a divisão do Pará -
“Não e Não: ninguém vai entrar sem vestibular” -, manifestando
insatisfação com a decisão que permitiu a transferência.
A Uepa informou, por sua assessoria de
imprensa, que vai acatar a liminar, mas entrará com recurso solicitando a
suspensão da decisão. Procurado pela reportagem, Vic Pires Franco
chegou a atender o celular, mas desligou quando o repórter se
identificou. Valéria Pires Franco não foi localizada.
(Diário do Pará)
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